Heidegger réu
Heidegger réu
O livro Heidegger Réu nasceu do choque provocado pela tese de Victor Farias, meu ex-colega da Universidade de Friburgo (Alemanha Ocidental), de que Heidegger era um pensador nazista. A primeira tentativa de formular o meu desacordo com Farias resultou numa palestra intitulada “Heidegger e a questão da culpa moral”, proferida durante o III. Encontro Nacional da ANPOF, realizado em Gramado, em setembro de 1988. Uma parte dessa palestra foi publicada sob o mesmo título no Folhetim da Folha de S. Paulo em 25/03/89.
As reações de interesse manifestadas pelos meus ouvintes em Gramado convenceram-me, depois de alguma hesitação, a suspender outras pesquisas em curso para escrever um livro sobre a periculosidade da filosofia de Heidegger. Logo me dei conta que essa tarefa não poderia ser dada por terminada sem a constituição de um tribunal capaz de julgar a periculosidade de toda e qualquer filosofia, mais ainda, da cultura ocidental no seu todo. Daí se seguia a exigência de que fosse feita, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre as diferentes formas de violência extrema de que temos conhecimento. Um motivo adicional a pensar o mesmo problema veio do convite da Sociedade Cultural Judaica Marc Chagall de Porto Alegre para participar, em abril de 1989, de um colóquio organizado por ocasião do lançamento do livro de B. Bettelheim, Sobrevivência e outros estudos. Uma versão abreviada da minha comunicação foi publicada sob o título “As faces da violência extrema” na Folha de S. Paulo, no caderno Letras, em 15/07/89.
Z. Loparic