XXX Colóquio Internacional Heidegger | Sendas do Tempo

Apresentação

O XXX Colóquio Heidegger tem como mote o tema “Sendas do Tempo”, inspirado na comemoração dos 100 anos do curso de verão ministrado por Martin Heidegger em 1925, Prolegômenos à História do Conceito de Tempo; e, consentaneamente, remetendo também aos trinta anos de fundação desse Colóquio que é um dos mais significativos e longevos na filosofia brasileira. Nesse curso, Heidegger apresenta o “verdadeiro sentido do a priori” enquanto a terceira descoberta essencial da fenomenologia e, ainda, que o a priori é um título de ser, mas adverte: esclarecer o sentido do a priori fenomenológico pressupõe compreender o tempo. Para Heidegger, Husserl empreendeu um movimento decisivo ao liberar o a priori dos limites subjetivos nos quais Kant os confinou. Ao longo de mais de um século, o pensamento heideggeriano sobre o tempo segue inspirando debates acadêmicos e dialogando com diferentes áreas da filosofia, como a fenomenologia existencial, a ontologia fenomenológica, a filosofia das ciências humanas e naturais, entre outras. Este evento comemorativo de trinta anos pretende retomar a história da sua constituição e formação, além do diálogo de Heidegger com outras áreas, como a psicanálise; bem como a importância de ser ler e se pesquisar Heidegger ainda hoje e, com efeito, questões sobre a temporalidade e finitude entre outros temas.

Programação

14h00 – 14h10 Abertura do evento
Alexandre Ferreira
Eder Soares Santos
Róbson Ramos dos Reis
14h10 – 14h40 Zeljko Loparic
Título: Winnicott e Heidegger: 30 anos depois
Moderador: Róbson Ramos dos Reis
14h40 – 15h00 Espaço aberto para perguntas e comentários
15h00 – 15h20 Oswaldo Giacoia Junior 
Título: Martin Heidegger: Metafísica e Natureza Humana
Moderador: Eder Soares Santos
15h20 – 15h30 Espaço aberto para perguntas e comentários
15h30 – 15h50 Eder Soares Santos
Título: Heidegger e a psicanálise: uma aproximação arriscada
Moderador: Alexandre Ferreira
15h50 – 16h00 Espaço aberto para perguntas e comentários
16h00 – 16h30 Pausa Café
16h30 – 16h50 Caroline Vasconcelos Ribeiro (online)
Título: Heidegger, a psicanálise e a grande decisão
Moderador: Eder Soares Santos
16h50 – 17h00 Espaço aberto para perguntas e comentários
17h00 – 17h20 Alexandre Ferreira
Título: Sendas da liberdade: Finitude imanente e infinitude transcendente
Moderador: Róbson Ramos dos Reis
17h20 – 17h30 Espaço aberto para perguntas e comentários
17h30 – 17h50 Irene Borges
Título: Vida animal e vida humana. Apontamentos fenomenológicos
Moderador: Eder Soares Santos
17h50 – 18h00 Espaço aberto para perguntas e comentários
18h00 – 18h20 Edgar Lyra
Título: Ainda Heidegger…
Moderador: Alexandre Ferreira
18h20 – 18h30 Espaço aberto para perguntas e comentários
18h30 – 18h50 Róbson Ramos dos Reis
Título: Heidegger e a Gesamtausgabe: um estudo da conferência “A proposição sobre a contradição (1932)”
Moderador: Eder Soares Santos
18h50 – 19h00 Espaço aberto para perguntas e comentários
19h00 Enceramento com um brinde aos 30 anos dos Colóquios Heidegger

 

Mini Currículos

Zeljko Loparic

Professor-titular aposentado de filosofia da Unicamp. É fundador de várias instituições, nacionais e internacionais, entre elas da Sociedade Kant Brasileira (1989), do International Winnicott Association (2013) e do Instituto Winnicott, do qual é presidente (desde 2015). Em 2004, idealizou e iniciou, com Elsa Oliveira Dias, o Curso de Formação Winnicottiana, hoje ministrado internacionalmente. Em 2007, criou a DWWeditorial e a Livraria Piggle. Ao longo dos anos, lançou uma série de órgãos de publicação, tais como Natureza Humana e, mais recentemente, Boletim Winnicott no Brasil. Defende a tese da revolução winnicottiana na psicanálise e em outras áreas da saúde. A totalidade de suas obras publicadas e a sua cronologia são acessíveis via Acervo Loparic.

Oswaldo Giacoia Junior

Professor Titular do Departamento de Filosofia da Unicamp desde 2013. Professor do Programa de Pós-graduação em Filosofia da PUCPR desde 2020. Graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1976), em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1976). Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1983) e Doutor em Filosofia pela Freie Universität Berlin (1988). Pós-doutorado pela Freie Universität Berlin (93-94), Viena (97-98) e Lecce (2005-2006). Sua pesquisa concentra-se na área de Filosofia Moderna e Contemporânea, com ênfase em História da Filosofia, Ética, Metafísica, Filosofia do Direito, Filosofia da Psicanálise, Filosofia Política, ocupando-se de temas como: teoria da cultura, ética pura e aplicada, filosofia do direito, filosofia social, política e da história, metapsicologia, especialmente com as obras de Augusto Comte, Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud.

Eder Soares Santos

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (1997), mestrado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2001), doutorado sanduíche em Filosofia – Universitat Freiburg (Albert- Ludwigs) (2005), doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas/SP (2006) e pós-doutorado na Bergische Universität Wuppertal (2015). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia da Psicanálise, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia da psicanálise, fenomenologia existencial, teoria dos paradigmas em Kuhn, teoria do amadurecimento pessoal. Publicou o livro “Winnicott e Heidegger: aproximações e distanciamentos”. São Paulo: DWW Editorial/FAPESP, 2010 e o livro “Paths of Science of Man in Heidegger”. Nordhausen, Alemanha: Traugott Bautz Verlag, 2019; além de artigos relacionados a essas temáticas. Atualmente é professor permanente do Programa de Pós-graduação em Filosofia e foi coordenador deste mesmo Programa por três gestões. Professor Associado no Departamento de Filosofia na Universidade Estadual de Londrina – Paraná.

Caroline Vasconcelos Ribeiro

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de São João del-Rei (1997), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (2000) e doutorado em Filosofia (2008) e pós-doutorado em Filosofia (2018) pela UNICAMP, sob a orientação do professor Dr. Zeljko Loparic. É Professora Plena da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Docente no Programa de Pós-graduação em Memória Linguagem e Sociedade (PPGMLS). Tem experiência na área de Filosofia Contemporânea, Metafísica, Filosofia da Psicanálise, Psicanálise Winnicottiana e nos Estudos sobre a Memória.

Alexandre Ferreira

Doutor em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2007) com doutorado sanduíche de dois anos na Universidade de Freiburg (Alemanha). Professor de filosofia na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), atuando nas áreas de filosofia moderna e contemporânea; fenomenologia; hermenêutica; crítica da cultura, filosofia da ciência e da técnica e ontologia.

Irene Borges

Doutora em Filosofia – Universidad Complutense de Madrid (1994). Foi docente na Universidade Complutense de Madrid (Espanha) e professora associada na Universidade de Évora (Portugal), onde actualmente é professora emérita (desde 2022). Directora do Curso de Doutoramento em Filosofia da UÉ (2011-2017). Presidente da Associação Portuguesa de Filosofia Fenomenológica (AFFEN), 2011-2017. Membro da Direcção da Sociedade Iberoamericana de Estudos Heideggerianos (desde 2017)No âmbito da Filosofia, dedica-se especialmente a questões de Ontologia e Hermenêutica fenomenológicas, com incidência nomeadamente na teoria e prática da tradução filosófica, fundamentalmente de textos e pensadores de Filosofia Moderna e Contemporânea. Nesse campo, realizou quer o seu trabalho de Mestrado quer o de Doutoramento, e tem desenvolvido e coordenado vários projectos de investigação, entre os que se encontra o da tradução da Obra de Martin Heidegger para a língua portuguesa (com apoio da FCT e da Fundação Calouste Gulbenkian). Também a sua actividade docente se centra em temáticas conexas com estes interesses (Hermenêutica, Ontologia, Filosofia do Século XX, Filosofia da Técnica, Filosofia e Psicanálise, Fenomenologia e Análise Existencial), quer a nível de graduação quer de pós-grado. A investigação nestas áreas estende-se à problemática da Análise Existencial ou Daseinsanalyse, quer do ponto de vista duma Ontologia e Metaontologia do Cuidado, quer do da fundamentação da via terapêutica dela derivada, no contexto da civilização técnica, e em diálogo com a actualidade da Psicanálise, para lá da sua vertente freudiana.

Edgar Lyra

Edgar Lyra é graduado em Engenharia Química pela UERJ (1981), com mestrado (1999) e doutorado (2003) em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde atua como professor e pesquisador associado. Coordenou o curso de graduação em Filosofia entre 2013 e 2020, e exerceu o cargo de diretor do departamento entre 2020 e 2024. Tem experiência na área de Filosofia Contemporânea, especialmente em problemas éticos, políticos e pedagógicos vinculados à atual hegemonia tecnológica. Coordenou entre 2014 e 2016 o Grupo de Trabalho Heidegger da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia), ao qual continua filiado. Criou e lidera, desde 2016, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Filosofia da Tecnologia, certificado pelo CNPq. Ingressou em 2019 no Laboratório de Humanidades Digitais da PUC-Rio, e no EMAPS (grupo de Ética e Mediação Algorítmica de Processos Sociais). Fortemente convencido da necessidade de formar professores de filosofia para lidar com as demandas da era técnica, tem se dedicado ao estudo da retórica com intenções político-pedagógicas, partindo da Retórica de Aristóteles em direção aos seus ecos digitais contemporâneos. Este trabalho resultou na publicação dos o livros “O Esquecimento de uma Arte – retórica, educação e filosofia no século 21” (2021) e “Por uma Filosofia da Opinião” (2024) . Ainda, no esforço de formação de professores, atua desde 2014 como colaborador do Mestrado Profissionalizante em Filosofia e Ensino do CEFET-RJ, além de integrar o GT Ensinar e Ensinar a Filosofa da ANPOF. Coordenou o PIBID / PUC-Rio de Filosofia entre 2012 e 2020, e entre junho de 2015 e junho de 2016, assessorou o MEC na elaboração das duas primeiras versões do documento de Ciências Humanas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Tem, ainda, se mantido em interlocução com escolas de Educação Básica, atuado como professor de cursos de especialização e extensão. Coordenou a elaboração do Planejamento Estratégico 2024-2030 e, desde novembro de 2024, atua Coordenador Central de Integridade da PUC-Rio. Nesse mesmo âmbito, publicou em parceria com Leandro Chevitarese, o livro “Ética: conceito, fundamentos e aplicações contemporâneas (2025).

Róbson Ramos dos Reis

Possui graduação em Licenciatura Plena Em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (1985), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Santa Maria. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Fenomenologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Heidegger, fenomenologia, ontologia, hermenêutica e filosofia alemã, fenomenologia aplicada. Vínculo formal, sem relação empregatícia ou funcional, com a Universidade Federal de São Paulo, Campus Guarulhos, Departamento de Filosofia, para realizar atividades de coordenação do Colóquio Heidegger.

Resumos

Zeljko Loparic

Título: Winnicott e Heidegger: 30 anos depois
Resumo: Em breve!

Oswaldo Giacoia Junior

Título: Martin Heidegger: Metafísica e Natureza Humana
Resumo: Neste trabalho, pretendo desenvolver uma reflexão sobre o sentido e as derivações da afirmação de Heidegger de acordo com a qual a metafísica faz parte da natureza humana e como tal afirmação se relaciona com sua concepção de uma ontologia fundamental.

Eder Soares Santos

Título: Heidegger e a psicanálise: uma aproximação arriscada
Resumo: Heidegger se dedicou ao longo de muitos seminários em Zollikon a tratar de temas da psicanálise e, principalmente, de fazer uma crítica bastante contundente a mesma. Depois disso, muitos autores dedicados à Daseinsanálise como Medard Boss, Françoise Dastur, Alice Heinz-Kunz entre outros se dedicaram a dar continuidade a esse legado. No Brasil, vemos muto boas leituras interpretativas por parte de Loparic, Casanova, Vasconcelos e Santos. Porém, também é possível se observar muita confusão nessas aproximações, uma vez que se esquecem de considerar que Heidegger está propondo uma abordagem ontológica das condições de possibilidade do ser-aí em geral enquanto a psicanálise trata de um ente aí a partir de sua natureza ôntica, existenciária. Nossa intenção é mostrar que qualquer aproximação da filosofia heideggeriana que não seja rigorosa, observando as próprias nuances conceituais da sua fenomenologia hermenêutica, é uma aproximação arriscada.

Caroline Vasconcelos Ribeiro

Título: Heidegger, a psicanálise e a grande decisão
Resumo: A convite de Medard Boss, Heidegger ministrou seminários para psiquiatras na cidade de Zollikon. Dessa experiência resultou a obra Seminários de Zollikon, a qual contém as atas das aulas, registros de diálogos entre Heidegger e Boss e cartas enviadas pelo filósofo ao psiquiatra. Tendo essa obra como guia, visamos analisar o exercício heideggeriano de examinar os fundamentos ontológicos sobre os quais repousam as ciências dos fenômenos psíquicos, dentre elas a psicanálise freudiana. Para o filósofo alemão, a psicanálise de Freud se consolidou a partir de garantias oriundas da metafísica moderna e baseou seu procedimento investigativo em preceitos das ciências naturais. Em função disso, Heidegger reivindica – como parte de uma grande decisão – a possibilidade de uma ciência dos fenômenos psíquicos irredutível ao discurso objetificante. Reivindica um tipo de acesso e de observação que respeite a singularidade destes fenômenos e não pague tributo às exigências científico-naturais. Considerando pesquisas desenvolvidas por Zeljko Loparic, Elsa Dias e integrantes do Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana (IBPW), defenderemos que a psicanálise de Winnicott atende aos requisitos implicados no que Heidegger alcunha de grande decisão.

Alexandre Ferreira

Título: Sendas da liberdade: Finitude imanente e infinitude transcendente
Resumo: O objetivo dessa apresentação é mostrar como a noção de liberdade é discutida por Heidegger e Cassirer no célebre debate em Davos. Para Heidegger a liberdade só pode ser conquistada pela auto-liberação do Dasein no ser-humano, o que implica necessariamente a assumpção radical da finitude imanente ao ser-humano, na qual a experiência do nada é fundamental. Para Cassirer a liberdade é o que caracteriza o espírito humano enquanto tal e possibilita a criação do mundo da cultura no qual o ser humano transcende sua finitude sem, no entanto, negá-la ou abandoná-la, e alcança, mediante o reino da forma, o que Cassirer denomina de infinitude transcendente. A pergunta que se coloca é se esses dois pontos de vista são totalmente inconciliáveis ou se seriam co-originários e indissociáveis da existência humana.

Irene Borges

Título: Vida animal e vida humana. Apontamentos fenomenológicos
Resumo: Trata-se de apresentar a conhecida tese heideggeriana do animal como “pobre de mundo” como uma tese contextualizada e parcial, que difere da anteriormente formulada (em 1924) e da posterior referência nos Beiträge (1936/38), estando determinada pela definição do conceito de mundo como correlato de um projecto. Apesar de tão conhecida e referenciada, não se pode considerar uma tese definitiva de Heidegger, acerca da animalidade e do seu contraste com o ser do humano.

Edgar Lyra

Título: Ainda Heidegger…
Resumo: Apresentei no Colóquio Heidegger de 2024 uma análise das principais críticas feitas a Heidegger no seio da sua enorme fortuna crítica, dentre elas as que endereçam a questão do nazismo, as críticas de extração marxista, as oriundas das filosofias analíticas da linguagem, as acusações de antropocentrismo ou chauvinismo ocidentalista, enfim, as críticas às suas liberdades hermenêuticas em relação ao cânone ocidental. As análises então feitas já inevitavelmente sinalizavam com razões para seguir lendo e discutindo Heidegger, não obstante o reconhecimento da procedência de algumas das referidas críticas, por vezes, mesmo em razão dessa procedência. O propósito desta nova apresentação é focar nas razões da insistência em seguir estudando e atualizando Heidegger, destacando sua originalidade interpretativa, a potência da sua conceitografia geral, as suas análises da hegemonia tecnológica, dentre outras.

Róbson Ramos dos Reis

Título: Heidegger e a Gesamtausgabe: um estudo da conferência “A proposição sobre a contradição (1932)”
Resumo: A publicação das versões de uma conferência dedicada ao princípio de não contradição oferece uma perspectiva inovadora sobre a abordagem dos princípios lógicos na ontologia fundamental. A conferência foi proferida em 16.12.1932 com o título “Der Satz vom Widerspruch (1932)”. Anteriormente foi publicado um conjunto de anotações que agora se somam às 90 páginas de notas que acompanham os textos da conferência (Heidegger, 2016; 2022). São conhecidas as passagens na obra de Heidegger em que o princípio de não contradição é restringido à ontologia da subsistência. Os novos documentos obrigam uma revisão dessa posição, pois a proposição sobre a contradição é concebida como expressando uma determinação ontológica da compreensão de ser e, portanto, de todos os modos de ser nela desvelados (Jaran. 2025). Essa posição é apresentada por Heidegger a partir de uma interpretação da Metafísica de Aristóteles (Γ 3 e 4). É dada especial atenção ao conteúdo do ελεγκτικώς, pelo qual Aristóteles justifica uma proposição indemonstrável. Como é sabido, o cerne da justificação reside em que o oponente ao princípio de não contradição está num dilema: ou aceitá-lo pelo fato de dizer algo determinado ou calar-se, equiparando-se a uma planta. Para Heidegger, esse modo de justificação é decisivo, pois aponta precisamente para a constituição ontológica do ser humano, que não possui o modo de ser da vida vegetal, mas sim o da existência ou transcendência para ser. Diferentemente dos vegetais, que sequer podem calar, os humanos dotados de compreensão de ser podem não apenas falar determinadamente, mas silenciar e calar. Para recusar a vigência universal do que é expresso na proposição sobre a contradição requer-se mais do que deixar de falar algo com sentido determinado (calar): é preciso abandonar o próprio modo de ser da existência que compreende ser. A apresentação terá três partes: 1) reconstrução dos principais elementos da conferência de 1923; 2) reconstrução da interpretação feita por Heidegger do έλεγχος em Metafísica Γ 4; 3) apresentação das consequências da justificação transcendental da proposição sobre a contradição, a saber, recusa do dialeteísmo na ontologia fundamental e vigência geral da não contradição no pluralismo ontológico hermenêutico.

Inscrição

Evento gratuito.
Importante: as inscrições são exclusivamente para o dia 03/11/2025.

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Presncial no IBPW e online.

Rua João Ramalho, 146. Perdizes, São Paulo.