XVI COLÓQUIO WINNICOTT DE CAMPINAS: DA NEUTRALIDADE AO COMPROMETIMENTO PESSOAL DO TERAPEUTA

Apresentação

Na clínica freudiana, concebida para o tratamento de pacientes neuróticos, o terapeuta está encarregado da tarefa de interpretar, sem admitir contestação, fenômenos transferenciais como manifestações de moções instintuais eróticas e agressivas que se encontram sob repressão da censura. Esse trabalho de modificação do cenário intrapsíquico é realizado no enquadre profissional, garantido por um contrato, pelo qual o terapeuta se obriga, em termos da ética da lei, a assumir atitude profissional de distanciamento e neutralidade. A clínica winnicottiana é concebida de maneira muito mais ampla, a saber, como atendimento a pacientes com os mais diversos distúrbios do processo de amadurecimento pessoal – que, no essencial, resultam de falhas ambientais e que incluem a neurose como um caso particular –, e o tratamento é realizado por meio de atendimento, em settings (situações) confiança pessoal, de diversas necessidades maturacionais não atendidas pelo ambiente natural no tempo devido. Em todos os casos, o terapeuta deixa de ser um espelho impessoal e assume o comprometimento, ao mesmo tempo profissional e pessoal, de participar ativamente e de se responsabilizar, não só pelas palavras, mas pelo olhar e pelo comportamento, da vida do paciente – trabalhando no horizonte de uma ética do cuidado. Os trabalhos deste colóquio destinam-se a explorar os pormenores dessa transição da análise standard do paradigma freudiano para a terapia maturacional do paradigma winnicottiano.

Z. Loparic


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Caderno de Resumos – XVI COLOQUIO DE CAMPINAS

Inscrições

INSCRIÇÕES ENCERRADAS

*Haverá certificado de participação

VALORES
modalidade online:
Filiados IBPW: R$ 80,00
Estudantes: R$ 120,00
Profissionais: R$ 160,00

Preencha o formulário abaixo, com o seu nome completo, para se inscrever.

Atenção: Para efetuar o pagamento é necessário permanecer na página após o envio da inscrição. Em alguns segundos você será redirecionado para a página do PagSeguro.

Programação

09h45 | Abertura – Luciana Sakozy (IBPW/IWA)
        
10h00 | Palestra 1 
Prof. Dr. Zeljko Loparic (IBPW/IWA)
Título: Atendimento terapêutico como forma de convivência
Mediadora: Maria Provedel Martins Moreira

 11h00 | Intervalo 

11h10 | Mesa 1
Palestrante 1: Profª. Drª. Danit Zeava Falbel Pondé (IBPW/IWA)
Título: A clínica dos sentimentos e os sentimentos na Clínica.
Palestrante 2: Prof. Rodolfo José Fenille Ferraz (IBPW)
Título: A capacidade imaginativa e de identificação cruzada por parte do analista.
Mediador: Renan Alberto Lemos Andrade

12h30 | Almoço

13h30 | Comunicações
Comunicação 1: Josiane Cristine Ramos Ferreira
Título: Winnicott – um exemplo de comprometimento – observações sobre um caso do seu artigo: “A Tendência Antissocial”.
Comunicação 2:
Carlos Campelo da Silva
Título: Por uma Clínica do Paradoxo: Rollo May e Winnicott
Comunicação 3: Marina Rodrigues Reigado
Título: O analista e a problemática do racismo: reflexões a partir de Winnicott
Moderador: Nathália Vasconcelos Pereira

14h30 | Palestra 2
Profª. Drª. Roseana Moraes Garcia (IBPW/IWA)
Título: Kathleen: um caso de comprometimento pessoal de Winnicott.
Mediador: Felippe Lázaro Salomão

15h30 | Intervalo 

16h00 | Mesa 2
Palestrante 1: Profª. Ana Maria de França Carneiro (IPA)
Título: A atuação no setting como comunicação: um caso clínico.
Palestrante 2: Prof. Dr. Ricardo Telles de Deus (IBPW/IWA)
Título: Winnicott, Little e a problematização do conceito freudiano de neutralidade do analista.
Mediador: Érico Humberto Núñez

17h20 | Encerramento

Comunicação

Comunicações selecionadas:

Comunicação 1: Josiane Cristine Ramos Ferreira
Título: Winnicott – um exemplo de comprometimento – observações sobre um caso do seu artigo: “A Tendência Antissocial”.
Comunicação 2:
Carlos Campelo da Silva
Título: Por uma Clínica do Paradoxo: Rollo May e Winnicott
Comunicação 3: Marina Rodrigues Reigado
Título: O analista e a problemática do racismo: reflexões a partir de Winnicott
Moderador: Nathália Vasconcelos Pereira

 


REGRAS DE APRESENTAÇÃO

O trabalho científico desse evento realizar-se-á por meio de conferências online (dadas por convidados escolhidos pela comissão científica do congresso) e comunicações (selecionadas por uma comissão de avaliação dos trabalhos submetidos).

REGRAS GERAIS

  1. Aceitaremos comunicações sobre Winnicott, de preferência sobre o tema do Colóquiomas não exclusivamente.
  2. Para submeter as comunicações, não será necessário fazer previamente a inscrição no Colóquio, mas todos que tiverem seus trabalhos aprovados terão, no entanto, que efetuar suas inscrições para confirmar a participação até o dia 21/10/2022. A lista dos trabalhos selecionados será divulgada até 28/10/2022neste site.
  3. Após o aceite do trabalho, não será permitida a troca do apresentador.
  4. Os outros autores, que desejarem estar presente à apresentação do trabalho, deverão estar devidamente inscritos no Congresso.
  5. A apresentação acontecerá em mesas redondas, compostas por dois trabalhos, cada um com 15 minutos para a apresentação. A distribuição nas mesas estará a critério da comissão organizadora do congresso.
  6. O horário da apresentação das Comunicações será às 13h30m
  7. Somente receberão certificados os autores inscritos no Colóquio, mesmo que o trabalho tenha mais de um autor.

ESPECIFICAÇÕES PARA O ENVIO DO TRABALHO

  1. minicurrículo de até 10 linhas.
  2. resumo para avaliação com o título do trabalho, de 200-500 palavras; documento Word 97 ou superior; formato: Times New Roman 12; entrelinha: 1,5. O argumento deve apresentar o problema central que motivou o estudo, as questões levantadas e reflexão teórica para responder ou discutir as questões apresentadas.3Resumo (caso o trabalho seja aceito): máximo de 100 palavras, seguindo as mesmas especificações.

Havendo interesse, as comunicações aceitas e apresentadas no Colóquio poderão ser submetidas para publicação à revista Natureza Humana até 30 dias após o evento. Para essa submissão, os trabalhos devem ter uma página de rosto, na qual devem constar: identificação do(s) autor (es), título (também em inglês), palavras-chave e resumo (até dez linhas), em português e inglês. No texto não devem constar dados que tornem possível identificar o autor para que o processo de avaliação possa ser realizado pelo método duplo-cego.

Os interessados podem enviar o artigo para revistas@dwwe.com.br 

Expositores

Profª. Ana Maria de França Carneiro (IPA)
Membro Efetivo, Docente do Instituto e Analista Didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Campinas – IPA (SBPCamp -IPA), Membro Efetivo e Docente do Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo -IPA (SBPSP – IPA). Supervisora em Campinas da Equipe Multidisciplinar da clínica psiquiátrica – Vivência Psiquiatria Dinâmica.

Profª. Drª. Danit Zeava Falbel Pondé (IBPW/IWA)
Psicóloga, Especialista em Psicologia Hospitalar, Psicanalista, Doutora em filosofia da psicanálise (UNICAMP), professora e supervisora do IBPW, membro a IWA, coordenadora de pesquisa do contemporâneo LABÔ/PUC-SP, autora de “O conceito de medo em Winnicott” (DWWe), “O cinema no divã”, ed. Leya.

Prof. Rodolfo José Fenille Ferraz (IBPW)
Psicanalista com formação em filosofia, teologia e psicologia. Membro do Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana (IBPW) e da lnternational Winnicott Association (IWA).

Prof.ª Drª. Roseana Moraes Garcia (IBPW/IWA)
Analista Didata (IBPW). Presidente da International Winnicott Association (IWA). Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP com a dissertação “A Tendência Antissocial em D.W. Winnicott”. Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP com a tese “A Agressividade na Psicanálise Winnicottiana”). Especialista em Saúde Mental Infantil pela FCM/Unicamp. Assessora acadêmica do IBPW. Professora e supervisora do IBPW.

Prof. Dr. Ricardo Telles de Deus (IBPW/IWA)
Psicanalista; Pós-Doutorado em Psicologia Clínica (PUC-SP); Docente do Curso de Formação Winnicottiana (IBPW); Docente do Curso de Formação em  Psicanálise (CEP); Membro da IBPW e da IWA; Membro Pesquisador da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental.

Prof. Dr. Zeljko Loparic (IBPW/IWA)
Professor titular aposentado da Unicamp. É autor de “Sobre a responsabilidade” (2003) e “Winnicott e Jung” (2014), entre outros livros. Em 2015, fundou, com Elsa O. Dias, o Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana (IBPW).

 

COMUNICAÇÕES

Carlos Campelo da Silva
Graduado em psicologia pela UNIP-Campinas, Mestre em Ciências da Religião pela PUC-Campinas. Exerce atividade clínica, atua como docente e supervisor de estágios clínicos no curso de Psicologia da UNIMEP de Piracicaba e foi coordenador do curso de Psicologia da mesma Universidade (2020-2022). Professor do curso de Psicologia UNASP-Hortolândia e Engenheiro Coelho (UNASP-EC). Líder do Grupo de Pesquisa: Fundamentos Epistemológicos e Influências Filosóficas da Psicologia Existencial-Humanista (DGP-CNPq) do departamento de psicologia do UNASP-EC. É membro do Grupo de Pesquisa Margem kierkegaardiana (UERJ).

Josiane Cristine Ramos Ferreira
Graduada em Psicologia pela Unimep Piracicaba, Psicanalista pela SPCamp, encerrando formação em Psicanálise Winnicottiana pelo IBPW. Grupoterapeuta pela SPAG, especialista em Psicologia Clínica pelo CRF. Atendimento Clínico (desde 1997) – crianças, adolescentes e adultos, sob a forma de análise individual, orientação à pais, psicoterapia de casal, psicoterapia de grupo. Supervisora Clínica e Coordenadora de Grupos de Estudos em Winnicott.

Marina Rodrigues Reigado
Psicóloga Clínica formada pela Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em Teoria Psicanalítica mesma universidade. Dedica-se ao estudo de Winnicott em articulação com temas contemporâneos.

Resumos

Prof. Dr. Zeljko Loparic (IBPW/IWA)
Título: Atendimento terapêutico como forma de convivência.
Resumo: Depois de recordar aspectos essenciais do relacionamento terapêutico na psicanálise tradicional, projetado para o tratamento de distúrbios psiconeuróticos, o trabalho analisará a proposta winnicottiana de relacionamento terapêutico para o tratamento de distúrbios maturacionais de todos os tipos e de todas as idades, que é ingrediente central do novo paradigma winnicottiano para psicanálise e outras áreas da saúde, tais como pediatria, psiquiatria infantil e adulta, psicossomática e serviço social.

Profª. Drª. Danit Zeava Falbel Pondé (IBPW/IWA)
Título:A clínica dos sentimentos e os sentimentos na Clínica.
Resumo: Na perspectiva winnicottiana as interrupções ou distorções maturacionais sofridas pelo paciente convocam a adaptação do analista em corresponder às necessidades expressas por ele dentro de um modo cuidar-curar. Deste modo, não se pode pensar na clínica winnicottiana asséptica ou interpretativa aos moldes anteriores da psicanálise tradicional. Ao inverso, a clínica apoia-se na condição maturacional e emocional do analista que precisa sustentar confiavelmente ser depositário das falhas ambientais anteriores e seguir modulando-se ao longo do processo terapêutico. Munido da pluralidade dos próprios sentimentos como bússola emocional que o analista pode prover no setting experiências inter-relacionais modificadas ou pela primeira vez vivenciadas pelo paciente. Exemplos clínicos colaboram na sedimentação desta ideia.

Prof. Rodolfo Fenille Ferraz (IBPW)
Título: A capacidade imaginativa e de identificação cruzada por parte do analista.
Resumo: A técnica psicanalítica sempre foi alvo de preocupação por parte dos grandes autores de Psicanálise, dada sua importância como parte dos fatores necessários para uma terapia ser capaz de produzir efeitos salutares para o paciente. O conceito de contratransferência foi uma das muitas propostas para se pensar – especialmente na teoria pós freudiana – os fatores de colaboração do terapeuta na condução de um tratamento. Dentre os inúmeros apontamentos possíveis a partir de Winnicott, proponho pensar seus conceitos de elaboração imaginativa e identificação cruzada, como “ferramentas” para o setting analítico.

Profª. Drª. Roseana Moraes Garcia (IBPW/IWA)
Título: Kathleen: um caso de comprometimento pessoal de Winnicott.
Resumo: A revolução operada por Winnicott na teoria e na clínica psicanalítica tira o terapeuta do lugar da neutralidade e o implica na questão do paciente. Não se trata de atuação do terapeuta, mas de facilitação e manejo, respaldado pela sua teoria do amadurecimento. Neste colóquio irei apresentar o caso Kathleen atendido por Winnicott, nessa perspectiva.

Profª. Ana Maria de França Carneiro (IPA)
Título: A atuação no setting como comunicação: um caso clínico.
Resumo: Winnicott promove grande avanço na psicanálise quando considera a atuação, no setting, a expressão de uma comunicação primitiva pré verbal. Propõe a aceitação da atuação para que possamos entrar em contato com as questões advindas do período pré-objetal, pré-representacional e pré-simbólico da vida do paciente. No caso clínico que descrevo, a sustentação da atuação foi fundamental para promover a recuperação.

Prof. Dr. Ricardo Telles de Deus (IBPW/IWA)
Título: Winnicott, Little e a problematização do conceito freudiano de neutralidade do analista.
Resumo: A neutralidade é um dos aspectos essenciais que caracterizam a atitude do analista, durante o tratamento, no âmbito da perspectiva clássica freudiana. Freud propõe, dentre outras coisas, que o analista deve ser neutro no que se refere às manifestações transferenciais do paciente, respeitando os limites colocados pela regra de abstinência. Na palestra, interessa-me explorar o modo como Winnicott, e também Margaret Little, problematizaram esta ideia de neutralidade, sobretudo em casos nos quais o paciente ainda não alcançou a integração em um eu.

 

COMUNICAÇÕES

Carlos Campelo da Silva
Título: Por uma Clínica do Paradoxo: Rollo May e Winnicott
Resumo: O objetivo desse trabalho é investigar a importância do paradoxo na clínica existencial-humanista e na psicanálise winnicottiana. O psicólogo norte americano Rollo May (1909-1994) defendeu em seus trabalhos a importância do paradoxo. Para May, é no paradoxo que reside o desenvolvimento, o aprofundamento e a ampliação da consciência humana. Sendo assim, a busca de resolução de problemas em uma clínica psicológica não deve ter como finalidade a eliminação do paradoxo, mas sim, fazer com que os paradoxos da vida sobressaiam mais claramente. Desse modo, nascimento, morte, amor, ansiedade e culpa não são problemas a serem resolvidos, mas paradoxos a serem confrontados e reconhecidos. De acordo com May, poucos terapeutas reconhecem a importância do paradoxo na psicoterapia e, nesse ponto, May elogia Winnicott, recordando sua afirmação em O brincar e a realidade: “minha contribuição é solicitar que o paradoxo seja aceito, tolerado e respeitado, e não que seja resolvido. Pela fuga para o funcionamento em nível puramente intelectual, é possível solucioná-lo, mas o preço disso é a perda do valor do próprio paradoxo”. Conforme observado, tanto May quanto Winnicott defendem a necessidade de se manter a tensão paradoxal para um aprofundamento da experiência humana que escapa as meras explicações intelectuais. Dessa forma, essa comunicação ao aproximar os dois autores pretende contribuir para se pensar uma clínica do paradoxo.

Josiane Cristine Ramos Ferreira
Título: Winnicott – um exemplo de comprometimento – observações sobre um caso do seu artigo: “A Tendência Antissocial”.
Resumo: Winnicott foi solicitado por uma amiga a examinar o caso de seu filho, o primogênito de uma família de quatro, cuja família Winnicott conhecia. Este artigo foi apresentado em uma Conferência em 1956. O que me motivou esta apresentação é a forma comprometida de Winnicott lidar com a situação, sua disponibilidade, compreensão teórica e seu manejo no caso. Desejo pontuar as orientações dadas por Winnicott e enfocar como o comprometimento pessoal dele com o outro, mesmo pontual, pôde promover transformações no caso.

Marina Rodrigues Reigado
Título: O analista e a problemática do racismo: reflexões a partir de Winnicott.
Resumo: Partindo de recortes clínicos pretende-se apontar, neste trabalho, as dificuldades e os desafios envolvidos na situação analítica particular, na qual um analista, branco, encontra-se diante de um paciente negro cujo sofrimento traz em si as marcas do racismo. Pretendemos pensar como a cor da pele ou o lugar ocupado pelo analista na hierarquia racial pode se tornar um possível obstáculo para a escuta, configurando a branquitude como uma modalidade de contratransferência potencialmente nociva para o tratamento. Para isso, recorreremos aos conceitos presentes no campo das discussões étnico-raciais e utilizaremos as contribuições do psicanalista inglês D. W. Winnicott como referencial teórico para articular alguns dos possíveis efeitos do racismo sobre o amadurecimento humano. Pretendemos apontar como o letramento racial coloca-se como condição de possibilidade para uma prática clínica atenta ao sofrimento e aos efeitos provocados pelo racismo.

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