II Jornada Sobre Adoção

Apresentação

Muitas crianças e adolescentes são afastadas de suas famílias de origem, seja por sofrerem algum tipo de violência, seja por que tiveram seus direitos e necessidades negligenciados, seja por alguma fatalidade e, diante dessa realidade, passam a estar sob guarda e proteção do Estado. Embora a adoção por outras famílias seja tida, em geral, como o melhor encaminhamento nestes casos, sabemos que não é a única medida de cuidado alternativo. Mais do que isso, é fundamental nos atentarmos para o fato de que, ainda que a adoção ocorra, o caminho até chegar a uma nova família não é curto e envolve uma série de instâncias, ambientes, pessoas, relações e vínculos que passam a fazer parte da vida e da história dessas crianças e adolescentes. Esta II Jornada do Grupo Winnicott de Pesquisa, Estudo e Intervenção em Processos de Adoção do IBPW, volta o seu olhar para a essa história ampla das crianças e adolescentes, e para o seu tempo de  elaboração das perdas e das novas relações, chegando ou não a uma nova família. Nesse sentido será fundamental refletir também a respeito do papel e dos desafios dos responsáveis pelo cuidado e direcionamento dessas crianças, em especial, na Vara da Infância e Juventude e nos Serviços de Acolhimento, bem como nas possibilidades de cuidado e proteção quando a adoção, por alguma razão, não é a opção principal. Clare Winnicott e Donald Winicott contribuem  com reflexões importantes e significativas para o trabalho psicossocial e se mostram um importante catalisador para pensar os temas dessa Jornada. 

Programação

09h – 09h15 Ilana Rabeh 
Abertura
09h15 – 09h55 MESA 1 | Fabiana Noda e Marina Corcovia
Título: O funcionamento do SNA (Sistema Nacional de Adoção) e dos desafios das Varas da Infância e da Juventude na colocação de crianças e adolescentes em famílias por adoção
Mediação: Ilana Rabeh
09h55 – 10h15 MESA 1 | Saulo Cunha
Título: Os tempos da adoção: os tempos das varas da infância e da juventude, adotantes e adotados
Mediação: Ilana Rabeh
10h15 – 10h30 MESA 1 | Debate
Mediação: Ilana Rabeh
10h30 – 10h45 Intervalo
10h45 – 11h05 MESA 2 | Lara Naddeo
Título: O valor da história da criança que está em processo de adoção
Mediação: Mara Vazquez
11h05 – 11h25 MESA 2 | Raquel Fernandes
Título: A importância do serviço de acolhimento institucional na história das crianças e adolescentes acolhidos
Mediação: Mara Vazquez
11h25 – 11h40 MESA 2 | Debate
Mediação: Mara Vazquez
11h40 – 12h MESA 3 | Tatiana Olic
Título: O cuidado que faz a diferença: Winnicott e a importância do ambiente familiar para o desenvolvimento emocional.
Mediação: Gabriela Galván
12h – 12h20 MESA 3 | Gustavo Vieira
Título: Sobre o atendimento de caso (casework) nas obras de Clare e Donald Winnicott e suas contribuições ao trabalho psicanalítico em instituições de cuidado
Mediação: Gabriela Galván
12h20 – 12h40 MESA 3 | Debate
Mediação: Gabriela Galván
12h40 Gabriela Galván
Encerramento

Resumos e mini currículos

Fabiana Noda

Minicurrículo: Psicóloga formada pela USP Ribeirão Preto. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC/SP. Integrante da equipe de Psicologia da Vara da Infância e Juventude de Itaquera entre 2006 e 2013 e da Vara Central da Infância e Juventude desde 2014.   

Título: O funcionamento do SNA (Sistema Nacional de Adoção) e os desafios das Varas da Infância e da Juventude na colocação de crianças e adolescentes em famílias por adoção. 

Resumo: O encontro entre crianças/adolescentes que desejam uma nova família e pretendentes que esperam um filho é um momento repleto de fantasias, esperanças e angústias, mas por trás desse entrelaçar de destinos, está um sistema de informática: o Sistema Nacional de Adoção. O atual SNA é o resultado de uma evolução iniciada com a Lei 12.010 de 2009 e tem como grande desafio traduzir complexos fenômenos sociais, psicológicos e biológicos em uma linguagem binária e mecânica. O desafio dos Setores Técnicos das Varas de Infância e Juventude é auxiliar a todos os participantes deste processo a assinalarem os itens que tornarão esse encontro possível.

 

Gustavo Vieira

Minicurrículo: Doutor em Psicologia Clínica pela USP, com estágio doutoral na Université Sorbonne Paris-Nord. Psicólogo no Serviço Psicossocial Clínico (TJSP), psicanalista em consultório particular e professor em cursos de especialização. Membro do Espaço Potencial Winnicott (Instituto Sedes Sapientiae) e integrante do Grupo de Pesquisa “Clínica de Grupos e Instituições: Abordagem psicanalítica” (IP-USP). Possui experiência de trabalho em serviços públicos de saúde e proteção social. Autor do livro “Winnicott e o narcisismo primário” (Ed. Juruá, 2020) e artigos sobre as contribuições de Clare e Donald Winnicott ao trabalho psicanalítico em instituições de cuidado.

Título: Sobre o atendimento de caso (casework) nas obras de Clare e Donald Winnicott e suas contribuições ao trabalho psicanalítico em instituições de cuidado

Resumo: O trabalho discute a apropriação da noção de casework (atendimento de caso), advinda do serviço social de língua inglesa, nos escritos de Clare e Donald Winnicott. Primeiramente, aborda-se o diálogo estabelecido entre os autores acerca da ideia de casework em diferentes contextos de intervenção profissional. Face a situações de graves falhas ambientais, Clare e Donald Winnicott priorizam um manejo centrado na integração do caso sustentada na relação profissional. Por fim, destacam-se  algumas contribuições específicas de Clare Winnicott sobre o casework em situação de acolhimento familiar ou institucional de crianças e adolescentes.

 

Lara Naddeo

Minicurrículo: Psicóloga, formada pela PUC-SP, e pós graduanda em Psicanálise, perinatalidade e parentalidade pelo Instituto Gerar. Lara tem mestrado em intervenção psicossocial pela Universidade de Barcelona; e atua há 12 anos no universo do acolhimento de crianças e adolescentes, através de seu trabalho no Instituto Fazendo História. Atualmente atende na clínica, crianças, adolescentes, adultos e famílias formadas pela adoção 

Título: O valor da história da criança que está em processo de adoção 

Resumo: A Lei 12.010 (2009), assegurou ao adotivo maior de 18 anos o direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada. Também estabeleceu a possibilidade de acesso ao processo de adoção por menores de 18 anos, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. Nessa nova redação, o ECA traz um importante conceito, a adoção, por mais definitiva que seja, não tem o poder de revogar o passado, a história e a identidade da pessoa adotiva.  

Na adoção, muitas histórias se entrelaçam no encontro inédito da família com seu filho/a. Há a história da criança com sua família biológica, sua história no acolhimento, há a história do casal e de seu percurso pela parentalidade, e há a história de cada um desses adultos, dessa mãe e desse pai. Nesse contexto, todas as histórias importam.

 

Marina Corcovia

Minicurrículo: Pós-Graduada em Saúde Pública e Serviço Social latu sensu pela Faculdade do Norte Pioneiro. Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina/PR. Atua como Assistente Social Judiciário no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo comarca da Capital – Vara da Infância e Juventude Central

Título: O funcionamento do SNA (Sistema Nacional de Adoção) e os desafios das Varas da Infância e da Juventude na colocação de crianças e adolescentes em famílias por adoção. 

Resumo: O encontro entre crianças/adolescentes que desejam uma nova família e pretendentes que esperam um filho é um momento repleto de fantasias, esperanças e angústias, mas por trás desse entrelaçar de destinos, está um sistema de informática: o Sistema Nacional de Adoção. O atual SNA é o resultado de uma evolução iniciada com a Lei 12.010 de 2009 e tem como grande desafio traduzir complexos fenômenos sociais, psicológicos e biológicos em uma linguagem binária e mecânica. O desafio dos Setores Técnicos das Varas de Infância e Juventude é auxiliar a todos os participantes deste processo a assinalarem os itens que tornarão esse encontro possível.

 

Raquel Fernandes

Minicurrículo: Psicóloga, especialista em psicologia da família pela Faculdade Santíssimo Sacramento – Ba. Facilitadora em Justiça Restaurativa pela UNICORP – TJBA. Atuou como Perita do TJBA acompanhando crianças em casa-lar e pretendentes à adoção. Atuou como psicóloga em SAICAS. É aluna do curso de Formação em Psicanálise Winnicottiana no IBPW. Pesquisadora – bolsista no IBPW. Psicóloga no Boas Novas – Grupo de Apoio à Adoção. É coordenadora do Programa Família Acolhedora na Associação Beneficente Santa Fé, programa vinculado ao EI-3 Project (BEIP – Romênia)

Título: A importância do serviço de acolhimento institucional na história das crianças e adolescentes acolhidos. 

Resumo: O serviço de acolhimento institucional para crianças e adolescentes integra os serviços de alta complexidade do SUAS – Sistema Único de Assistência Social e são destinados a acolher crianças e adolescentes afastados de suas famílias de origem, sob medida provisória e excepcional de proteção. Tais medidas, como prevê o estatuto da criança e do adolecente, é a última providência a ser tomada por órgão competente quando constatado abandono, negligência e violências que configuram uma violação de direitos, ou até mesmo mediante situações de entrega voluntária. Utilizadas como forma de transição para a reintegração familiar, colocação em família substituta ou preparação para a maioridade e, enquanto lugar da espera, se faz necessário garantir, aos seus usuários, cuidados estáveis e qualitativamente significativos, rotinas específicas ao atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto como prioritárias e a preservação de suas histórias de vida e pertencimento. Dificultadas pela estrutura do serviço em si, as respostas ambientais que se operam nos abrigos institucionais nem sempre correspondem às necessidades reais de seus acolhidos, no entanto, é possível que se construam vínculos de afeto e relações significativas nestes espaços coletivos, com características suficientemente humanas, capazes de reduzir os efeitos da institucionalização. 

 

Saulo Cunha

Minicurrículo: Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP). É psicanalista, realiza atendimento clínico em consultório particular, supervisiona equipes técnicas e de cuidadores de serviços de acolhimento e coordena grupo de candidatos à adoção. É membro e docente do Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana (IBPW); membro do Grupo Winnicott de Pesquisa, Estudo e Intervenção com Crianças e Adolescentes em Processo de Adoção; membro do Núcleo Acesso do Instituto Sedes Sapientiae. É coautor do livro Adoção: desafios da contemporaneidade, publicado pela Editora Blucher

Título: Os tempos da adoção: o tempo de quem está sendo adotado, de quem está adotando dos Serviços de Acolhimento e das Varas da Infância e da Juventude. 

Resumo: A adoção se dá pelo desenvolvimento de relações humanas, que, não raro, é permeado por medos, angústias, ansiedades, fantasias e desconfianças.  Estes sentimentos transpassam aquilo que está no cerne da adoção: a   aproximação de histórias de vida e de experiências dos que adotam e dos que estão sendo adotados. Para que as relações humanas se desenvolvam, é necessário que surja a confiança, alicerce de toda relação razoavelmente saudável. Isto leva tempo e não pode ser implementado por qualquer agente ou determinação externa. Esta palestra pretende lançar luz sobre a complexidade do desenvolvimento das relações de paternidade, maternidade e filiação pela via da adoção e sobre a importância de os futuros e pais e filhos poderem construí-las a seu modo e a seu tempo. 

 

Tatiana Olic

Minicurrículo: Tatiana Bacic Olic é psicanalista, mestre em psicologia pela PUC-SP com a dissertação: Família Acolhedora: contribuições de Winnicott sobre a importância do ambiente familiar para o desenvolvimento infantil. Atua como supervisora em programas e serviços da assistência social com foco no atendimento de famílias e indivíduos em situação de violação de direitos. É membro do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Adoção do IBPW. 

Título: O cuidado que faz a diferença: Winnicott e a importância do ambiente familiar para o desenvolvimento emocional. 

Resumo: Nos últimos tempos, muito se vem falando da importância de um ambiente familiar positivo para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Nas situações em que o afastamento da família de origem é necessário para assegurar sua proteção, o mais indicado é o acolhimento familiar, que oferece um cuidado em ambiente familiar, com atenção  individualiza e a possibilidade de construção de vínculos afetivos seguros, que são elementos fundamentais para o desenvolvimento infantil.

Sendo assim, meu objetivo é apontar como a família acolhedora pode facilitar o processo de amadurecimento e desenvolvimento da criança, fazendo um diálogo entre a teoria Winnicottiana e esse serviço da politica publica da assistência social, buscando desse modo, auxiliar na discussão da importância do ambiente para a promoção do desenvolvimento de crianças e adolescentes.

Inscrição

*Haverá certificado de participação para todos os inscritos.

*O evento será ministrado inteiramente online e a gravação ficará disponível por 30 dias.

VALORES
Filiados IBPW: R$ 100,00
Estudantes: R$ 132,00
Profissionais: R$ 165,00

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O Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana, não se responsabiliza por eventuais problemas ou dificuldades técnicas do inscrito no momento da transmissão online.

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1. O prazo máximo para cancelamento de participação é de até 07 (sete) dias de antecedência do evento.
2. A inscrição no evento somente será cancelada mediante envio de comunicação para o e-mail: admin@ibpw.org.br
3. Serão devolvidos 80% (oitenta por cento) do valor pago, até o último dia útil subsequente ao mês de realização do evento.
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